O Ministério da Saúde, por meio da Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, recomendou a suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades, de 12 a 17 anos, contra a covid-19, em todo o Brasil.
Em Mato Grosso do Sul, pouco mais que a metade do público dessa faixa etária recebeu a primeira dose de Pfizer, única permitida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A titular da secretaria, Rosana Leite de Melo, explica ao Campo Grande News que estados não deveriam nem ter começado essa etapa. Ela cita nota técnica feita há cerca de um mês, que orientava que a partir de 15 de setembro, o País faria essa vacinação.
O Ministério da Saúde alega que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda a imunização de adolescentes. No entanto, a entidade diz somente que a prioridade não deve ser a desse grupo. Caso haja disponibilidade de doses, essas vacinas poderiam ser aplicadas sim, de acordo com a OMS.
A primeira nota técnica que fizemos foi há umas três, quatro semanas. A nossa orientação era a partir do dia 15. Hoje que começaria, e os adolescentes sem comorbidades seriam os últimos grupos. Em tese, era pra começar os adolescentes daqui umas duas semanas”, disse Melo.
Critérios – Alguns estados, como Mato Grosso do Sul ou São Paulo, já começaram a vacinar adolescentes sem comorbidades. “Alguns estados começaram antes, mas isso não tem problema”, disse a secretária.
Melo afirma que a variação grande da covid-19 faz com que novas decisões tenham de ser tomadas com frequência, e que a pasta federal investiga possíveis reações colaterais causadas em uma pessoa menor de 18 anos, vacinada no Brasil. “Na semana passada, a Sociedade Europeia também resolveu retroceder. Nós ouvimos muitos rumores de efeitos colaterais, tem um que estamos investigando, pode ou não estar relacionado”.
Como estamos em um cenário epidemiológico um pouco mais confortável, achamos prudente suspender os adolescentes sem comorbidade”, disse Rosana Leite de Melo.
Ela garante que as autoridades têm analisado e que novas recomendações, baseadas em evidências atualizadas, poderão ser emitidas futuramente. “Anvisa e SVS foram acionadas, só que a gente tem que tomar uma ação rápida. Não quer dizer que a gente não vai discutir, conselho, câmara técnica vai estar discutindo as evidências nesse momento”.
Falta de vacinas – A situação verificada em vários lugares brasileiros é a de falta de vacinas. São Paulo está, há algumas semanas, com ampla falta de vacinas da Astrazeneca. Essa falta, provocada pelo atraso na fabricação feita pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), fez com que se autorizasse usar doses de Pfizer para reforço.
A secretária do Ministério da Saúde também destaca que há poucos estudos clínicos sobre a imunização de adolescentes, assim como falta análises para outros grupos, tais como gestantes. Ela ressalta, inclusive, que não foi destinado doses para esse grupo, e afirma que algumas secretarias podem ter usado “outros imunizantes”.
Não deveriam nem ter começado. A orientação era ter começado a partir de hoje. Se não tivessem feito, inclusive, nem precisaria”.
Por fim, a recomendação é de que a população continue buscando as vacinas disponíveis, sobretudo o uso da dose de reforço, para pessoas acima de 70 anos. “Vimos que aumentou a internação, a imunidade diminuiu. Se pensar em adolescentes, a internação não aumentou. Mas é claro que a gente quer imunizar todo mundo”.
A reportagem tentou contato com o secretário estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. Campo Grande News