De cores vivas, os anéis vermelho, preto e branco tornam a cobra-coral uma das serpentes mais conhecidas. A dificuldade para se camuflar dificulta os acidentes com a espécie, ponto positivo já que o veneno é um dos mais ativos no ser humano.
A dúvida quanto à identificação dos indivíduos, porém, é um problema. Isso porque a distinção entre a coral-verdadeira e a falsa-coral é quase impossível de ser feita por leigos.
O diretor do Museu Biológico do Butantan Giuseppe Puorto explica que as serpentes são extremamente parecidas e a diferença mínima está na boca. “Nós que trabalhamos com animais sabemos identificar”, diz. O conselho do herpetólogo para o público leigo é este: “Encontrou alguma cobra que tenha cor vermelha e padrão em anéis, considere como potencialmente perigosa.”
A proximidade na aparência não é por acaso. Para confundir eventuais predadores, e assim garantir a sobrevivência, a falsa-coral imita a verdadeira, mas apenas na coloração, já que, diferentemente da coral-verdadeira, não possui veneno.
Confira as características das duas espécies:
Coral-verdadeira (Micrurus lemniscatus)
Descritas em 1758, as cobras-corais verdadeiras apresentam coloração em tons de vermelho, laranja, amarelo e branco contrastantes com anéis ou manchas que variam do negro ao castanho-escuro. A espécie possui cabeça oval, recoberta por escamas grandes, olhos pequenos e pretos, corpo cilíndrico com escamas dorsais lisas, cauda curta e roliça.
Distribuídas do sul dos Estados Unidos até a Argentina, ocorrem em todos os países continentais americanos, exceto no Chile e no Canadá, e possuem a capacidade de habitar diferentes tipos de ambientes, desde paisagens desérticas do Peru até savanas elevadas das Guianas e florestas tropicais da Bacia Amazônica.
No Brasil são conhecidas 32 espécies de cobras-corais-verdadeiras, entre elas a Micrurus lemniscatus, que ocorre em todo o território brasileiro e, com frequência, nos estados do Pará, Maranhão e Amapá.
A espécie, diferentemente de outras descritas pelos estudiosos, apresenta hábitos aquáticos e se alimenta de peixes e de vertebrados alongados, como serpentes e lagartos.
Peçonhenta, a cobra-coral verdadeira provoca sérios riscos quando ataca humanos. Com atividade neurotóxica, o efeito do veneno bloqueia o sistema neuromuscular e causa insuficiência respiratória, além de deixar a visão turva, dificultar a deglutição e provocar vômitos.
Para o tratamento, é indicado dirigir-se rapidamente a postos de atendimento, já que o estado de saúde deve ser considerado grave.
Falsa-coral (Erythrolamprus aesculapii)
Amplamente distribuída no Brasil, a Erythrolamprus aesculapii é uma das 52 espécies de serpentes não peçonhentas que apresentam o padrão coralino ou então a cor vermelha em sua coloração e são chamadas de falsas-corais.
Muito comum em várias regiões do território brasileiro, os indivíduos apresentam atividade diurna e terrícola. Quando adultos, alimentam-se de outras cobras e, quando jovens, predam pequenos lagartos.
Como forma de defesa, a falsa-coral pode achatar o corpo e enrodilhar a cauda (comportamento também realizado por corais-verdadeiras).
Não peçonhenta, a serpente não está envolvida com acidentes graves, mas ainda oferece risco ao humano. Portanto, em caso de ataques, é necessário recorrer a postos de atendimento para ser medicado com uma dose do soro específico. A quantidade é igual tanto para crianças quanto para adultos e o número de ampolas deve ser proporcional à gravidade do acidente. G1