Camisa de Couro virou uma lenda que é contada de pai para filho. E de mãe para filha. Ele faz parte da história de Cassilândia. E também do nosso folclore.
Naqueles tempos em Mato Grosso imperava a Lei do 44. A Lei do chumbo grosso.
Muito se fala sobre ele, muita coisa é verdade, muita coisa é inventada. Mas a história das grandes lendas é assim mesmo.
O nome dele era Antônio Joaquim Aragão, deveria ter, no máximo, 40 anos de idade naqueles meados de anos 60.
Segundo contam os mais antigos, ele veio para Cassilândia para realizar um “serviço”, isto é, matar, a mando de uma fazendeira de família tradicional por aqui naquela época.
Comenta-se que a sua tarefa era eliminar um homem conhecido como Getulinho, que seria inimigo da contratante.
Muitos dos entrevistados por este escritor morreram nos anos 80 quando foram feitas as indagações sobre Camisa de Couro.
Diziam eles que Camisa de Couro fez o “serviço” e foi embora para Três Lagoas, e, cobrado por eleitores, o governador Fernando Correia da Costa teria ordenado à polícia de Três Lagoas para eliminar o pistoleiro Camisa de Couro.
E, assim, dois policiais militares o teriam matado. Há fontes que garantem que os soldados PMs estavam à paisana; outros dizem que não.
Controvérsias à parte, em meados dos anos 60, Camisa de Couro foi morto na cidade das três lagoas.
Em Cassilândia alguns mais antigos diziam que Camisa de Couro era muito temido por aqui e nunca ficou preso na cadeia construída por João Albino, aproximadamente em 1962.
Um entrevistado contou que certa vez um policial de Cassilândia deu voz de prisão a Camisa de Couro, que lhe disse logo na bucha:
– O senhor tem certeza que vai me prender? Eu não quero ficar preso, não. Pense bem antes de tentar me prender.
Contou a fonte que o policial, tremendo, respondeu:
-Ora, se o amigo não quer ficar preso agora, não serei eu que vou forçar. O senhor fique à vontade…
Um fato é certo e foi contado por vários entrevistados: Camisa de Couro só usava revólver calibre 38, não dava as costas para ninguém e ficava sempre voltado para a rua.
E a sua marca principal: estava sempre oferecendo pirulitos, balas e doces para crianças e mulheres. Ele acreditava que fazendo isso estaria sempre rodeado de crianças e mulheres, e, portanto, dificilmente poderia ser assassinado por seus inimigos.
E pelo jeito a estratégia deu certo. No dia que foi morto em Três Lagoas não havia ao seu lado nenhuma criança e nenhuma mulher. Foto cedida por Ricardo Dutra para o livro A História da Formação de Cassilândia, do jornalista Élio de Castro Paulino.
Texto de Corino Rodrigues de Alvarenga