Um dia antes de ser morta pelo ex, professora desabafou sobre casos de feminicídio

O primeiro dia do mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher já começa com uma tragédia anunciada. Como quem parecia temer, a professora de 28 anos morta com um tiro na cabeça pelo ex-namorado, usou seu perfil no Facebook há dois dias para compartilhar a angústia sobre o número de mulheres mortas pelos companheiros ou ex-companheiros no Brasil.

Enquanto participava de um churrasco na casa de amigos, no Jardim Noroeste em Campo Grande, na noite de sábado (29), a mulher foi morta a tiros pelo ex-namorado, um guarda municipal que foi até o local atrás dela. Nem mesmo o registro do boletim de ocorrência e o pedido de medida protetiva de urgência foram suficientes para abrandar o medo que a mulher sentia do ex-namorado.

“Se o coronavírus matasse 1 pessoa a cada 2 horas, totalizando 4.476 mortes em 1 ano, estaríamos completamente em pânico! No Brasil, uma mulher é morta a cada 2 horas e ninguém quer enxergar isso como uma epidemia,” dizia a publicação. Também pelas redes sociais, uma amiga da vítima comentou que ela temia pela vida. “Que não seja apenas um número”, escreveu a jovem neste domingo.

A delegada Bárbara Camargo Alves da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) revelou que a professora registrou um boletim de ocorrência contra o guarda municipal por violação de domicílio e ameaça no mês passado. Ela também pediu uma medida protetiva que, segundo a delegada, já havia sido deferida pelo juiz. No entanto, o guarda ainda não tinha sido intimado para que o documento pudesse valer, de fato.

Em consulta ao site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, o guarda de 35 anos responde um processo por abuso de autoridade. Na ação, o suspeito de uma tentativa de furto alega que sofreu agressões com fratura nas costas, joelho e face supostamente provocadas pelo agente durante uma ocorrência.

Além da ex-namorada, o suspeito também atirou contra o casal dono da residência onde a vítima estava em um churrasco. O homem morreu e a esposa foi internada na Santa Casa.

Feminicídio

O crime provocado pelo agente da segurança pública foi o segundo caso de feminicídio do ano, em Campo Grande. No dia 18 de janeiro, a florista Regiane Fernandes de Farias foi morta a tiros pelo ex-namorado, aos 39 anos, quando chegava no trabalho. O autor dos disparos, Suetonio Pereira Ferreira, 57 anos, tentou se matar com um tiro na região do ouvido, mas foi socorrido e sobreviveu.

 

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