Ney Macedo: conheça a história do homem do rodeio na televisão!

Conheça a história de Ney Macedo, o homem do rodeio na televisão!

Há mais de 30 anos ele atua na transmissão e divulgação do rodeio brasileiro

 

Entre os diversos personagens que encontramos na história rodeio brasileiro, Ney Macedo integra uma categoria importante. Ele faz parte, junto com sua empresa TV Rodeio/Brasil Rural TV, de momentos marcantes.

Não só dos mais relevantes, mas também de quase todos desde que a atividade começou a se fortificar no país. Ney Macedo também é polêmico, será? Portanto, o portal Cavalus foi conversar com ele para conhecer toda essa história! Mas deixamos que ele mesmo conte a vocês.

O começo

Eu comecei no rodeio por acaso. Era 1986 e eu filmava com uma Super8, porque sempre gostei de fotografar, filmar, então comprei uma câmera VHS. O prefeito de Paranaíba/MS me contratou para filmar, informalmente, umas obras na cidade. Não era meu trabalho, eu mexia com lojas de peças de máquinas pesadas, moto niveladoras. No dia que o prédio da prefeitura da cidade foi inaugurado, fui lá para registrar. Era aniversario da cidade, tinha exposição agropecuária.

Todavia, me chamaram para filmar o rodeio. As pessoas gostaram e logo uma cidade vizinha também quis me contratar. Eu morava em São José do Rio Preto/SP, mas como era vendedor, não saía daquela região do MS, Cassilândia também. Nesse meio tempo, com outros convites que surgiram, acabei achando que era um bom negócio. Portanto, fui me apronfundar. Se era para ganhar dinheiro com isso, pensei que deveria ser algo profissional e não improvisado.

Logo depois comprei mais uma câmera, uma mesinha de corte (edição) na época, que era mais uma mesa de efeito, e uma switcher (também para edição de imagem). Então passei a fazer alguns trabalhos. Era 1987 e resolvi fazer um teste, se eventualmente daria certo ou não. Mas o negocio funcionou.

De tal forma que, no ano seguinte, encarei o trabalho mais profissional. Levava uma televisão, pendurando em barracas e criei um circuito fechado para as festas. A primeira foi em Jales/SP. Para que fosse viável, arrumei patrocínio e pude transmitir o rodeio e os shows para todos da feira comercial.

Levei o mesmo formato para Fernandópolis/SP e recebi meu primeiro cachê no rodeio. Em 1989 coloquei uma transmissão no telão para uma campanha política em Paranaíba, algo que nunca tinham visto antes. Fiquei com o telão após ganharmos a eleição e passei a levá-lo para os rodeios.

Ney Macedo com a primeira câmera

Primeiros passos

Em 1991, comprei um segundo telão e montei a empresa que chamava Vídeos Eventos. Logo após, com o sucesso da atividade, transformei o nome já para TV Rodeio, nos anos 90. Meu sonho era que o rodeio fosse para a televisão um dia. E que, talvez, eu tivesse um programa, um canal de televisão, qualquer coisa no meio do rodeio.

Nós fomos pioneiros em colocar telão em rodeio e assim comecei, Logo também comprei o segundo telão e em 1992 já atuava nos grandes rodeios brasileiros. A saber: Colorado, Indaiatuba, Americana, Aparecida do Taboado, Barretos (que eu já fazia desde 1988). Fui fazendo os melhores.

Em 1992 eu tinha uma parceria muito grande com um deputado aqui da região de Rio Preto, o Vadão Gomes.Ele foi o primeiro deputado a propor a profissionalização do rodeio brasileiro. Acabou sendo rejeitado porque não se podia criar uma profissão de peão. Mais tarde, a profissão foi igualada a um esportista. Enfim, propus a ele que fossêmos para os Estados Unidos tentar fazer uma aproximação do rodeio brasileiro com o americano.

Seguimos para a embaixada americana em Brasília, conversamos com o embaixador, este nos apresentou para a PRCA e fomos recebidos lá em dezembro de 1992. Claro, gravei tudo em vídeo e consegui veicular na TV Record de Rio Preto, em um programa que falava também de rodeio, mas era regional.

Em frente as câmeras

Como resultado, o pessoal gostou tanto matéria que recebi a proposta de apresentar um programa em rede nacional. Em princípio, fiquei alarmado, pois não tinha nem equipamento. Contudo, acabei topando e em abril de 1993 colocamos no ar o primeiro programa no Brasil sobre rodeio chamado ‘O Chão é o limite’.

O nome foi inspirado por um locutor, que durante o rodeio de Barretos falava: ‘peão, não se preocupa não, do chão você não passa, o chão é o limite!’. E essa frase ficou famosa lá e nós usamos. De fato, ficamos 1993 a 1995 na TV Record.

Em seguida, quando eu estava fora do Brasil com o pessoal da Revista Hippus, não participei da edição e foi ao ar uma imagem que não podia passar na Record, de Nossa Senhora Aparecida. O programa saiu do ar pela emissora, mas consegui voltar a apresentá-lo na Rede Vida. Eu apresentava sozinho.

Posteriormente, o programa foi para o CNT Gazeta. Lá começamos com outro formato, o ‘Geração Country’, quando convidei a Amanda Françoso para participar. Nesse hiato, a TVA estava trazendo para o Brasil o CMT Country Music Television e me convidaram para fazer toda a produção nacional.

Dessa forma, acabei i virando diretor de programação. E o CMT foi muito importante, porque implantou basicamente o country music aqui no Brasil, via TVA. Foi responsável pela vinda do Alan Jackson, Garth Broocks, Reba McEntire, todos fizeram show em Barretos. Era a époica da onda sertaneja/country, com baladas como Caipirão, Caipiródromo, Hollywood Project. Tudo em função do CMT e eu lembro com alegria dessa época.

Os primeiros equipamentos de Ney Macedo para as transmissões

Televisão

Em função de tudo isso existia um programa chamado ‘Show Case’. Depois que acabou o CMT,  eu transformando no ‘Vida de Artista’. Por ser um programa independente, veiculado na CNT Gazeta, é até hoje detentor do maior ibope do Brasil de uma produtora independente. Que no caso era eu. Foi 12 de audiência em São Paulo. Isso me rendeu até uma página de Revista Veja.

Inegavelmente, outros programas foram feitos no mundo sertanejo a partir desse começo todo. Programas em rede nacional novamente, como o ‘Astro do Rodeio’ na TV Bandeirantes. A Rede TV também fez, enfim, vários canais de televisão. Só TV Globo e SBT ficaram de fora. Mas com a Globo nós fizemos um paperview, quando Barretos fez 50 anos de festa.

Premiére Rural, do mesmo formato do canal pago de futebol da emissora. A TV Rodeio que acabou fazendo também. Tudo de rodeio na TV, basicamente, fomos nós que fizemos. Só não o do Marcelo Murta, ‘Rodeio Mania’.

TV Rodeio

A TV Rodeio nasceu desse jeito e continua até hoje. Ela não saiu do trilho, deixou de fazer uma coisa para fazer outra. Como produtora de televisão, criei outros programas, mas a TV Rodeio continuou fazendo o que ela sempre fez: Transmitindo rodeio. E por isso que é pioneira em tudo! O que se vê hoje em dia no rodeio brasileiro é criação da TV Rodeio.

Também atuamos de forma educativa. Por ser televisão e mostrar um esporte em rede nacional, havia necessidade de mostrar as regras do rodeio paro povo entender.  Quem assistia em casa, não entedia como os juízes davam as notas para as montarias. Existia um sistema diferente, de 0 a 10, 0 a 20, 0 a 50, 0 a 100.

Ficava confuso, especialmente para a televisão, então nós unificamos. Não existia os oito segundos como regra. Qualquer peão recebia nota, independente do tempo que ele parava sobre o animal. Até que em 1993 recebemos competidores americanos e eles nos apresentaram a regra dos oito segundos.

Tudo que você possa imaginar de criação, de novidade, a gente foi fazendo. Conseguimos fazer com que o brasileiro entendesse melhor o rodeio e se aproximasse mais desse esporte. Estamos há mais de 30 anos no rodeio brasileiro. Não tenho ideia de quantos rodeios a gente fez. Acredito que chegamos a fazer 100 rodeios por ano. Eram de três a quatro por semana. Mas o normal é fazermos hoje uns 50 rodeios.

Mas acredito que a quantidade não é importante. O que interessa é que a gente sempre fez as melhores festas do Brasil, graças a Deus. A TV Rodeio é uma marca forte e agrega às festas.

Operando a câmera, em 1992, Ney Macedo esteve com a primeira TV a entrar na arena da PRCA

Aperfeiçoamento

Em função da tecnologia, nós partimos para as melhorias. Nós desenvolvemos um software, que é o Data Rodeio, que coloca cronômetro no telão, ranking do rodeio, informações do competidor, replay.

A TV Rodeio também foi pioneira na transmissão de qualidade e alta definição para internet. Nós não fomos os primeiros a fazer, porque a gente sabia que não tinha condição. A internet no começo era discada e algumas pessoas faziam. Então, quando nós sentimos que a tecnologia permitia, entramos em alta qualidade, em HD para as transmissões.

Criamos então o Brasil Rural TV há cinco anos, que faz até hoje as transmissões de rodeio. E esse ano nós implantamos o pay-per-view, também pela internet. Foi uma novidade, fizemos no rodeio de Rio Verde/GO, e em Barretos/SP. Certamente, a partir do ano que vem vai ser uma constante.

Fizemos a mudança porque a ideia era fazer um canal 24 horas, falando do mundo do rodeio, do mundo rural. Queremos entrar no mundo do cavalo, pecuária, do agronegócio, enfim, só que isso exige demanda. E ainda uma estrutura muito grande, uma equipe maior de profissionais, equipamentos. O custo é abusivo e, lamentavelmente, o nosso meio, não tem grandes patrocinadores. Mesmo assim, a gente tentou com o Brasil Rural TV.

O projeto de ter 24 horas de programação é muito ambicioso. Que prevê ter oito canais de televisão full time. Brasil Rural TV e depois vem um canal só de cavalo, um só de pecuária, um só de agronegócio, um só de musica, um só de rodeio, e assim vai. E ainda um canal exclusivo para assinantes, com todo arquivo de mais de 30 anos e programas especiais.

Livro

Parte de tudo isso que estou contando aqui já faz parte de um livro que eu acabei de escrever. Não terminei ainda, mas está basicamente pronto. Está precisando de revisão e inserir algumas informações. Precisa de uma burilada na verdade. Não finalizei porque ainda quero realizar mais algumas coisas fundamentais para o rodeio. E para a nossa empresa também.

Quase o lancei em Barretos do ano passado, mas segurei. De tal forma que estou programando para o próximo ano. Mas ainda pode ser que não aconteça, pois tudo que estou planejando precisa de um tempinho ainda. Contudo, estou feliz com o livro, pois a minha contribuição para o rodeio foi muito grande. A importância da TV Rodeio é mais ou menos a importância que o Adriano [Moraes, tricampeão mundial] teve para o rodeio nacional e mundial.

O rodeio brasileiro se divide antes e depois do Adriano. Da mesma forma que eu acho que é o mesmo com a TV Rodeio. Nós mudamos por completo essa comunicação, a parte jornalística, do conhecimento. Nós levamos o rodeio para o Brasil inteiro. Começamos em uma época que para os profissionais conhecerem o que estava acontecendo nas outras regiões, quem era bom e quem não era, tinham que ir até outro estado, outra cidade.

Todavia, com o advento do programa em rede nacional e a transmissão pelas parabólicas, facilitou para todo mundo. A TV Rodeio começou a integrar o rodeio brasileiro, que passou a ter fãs, mais gente acompanhando a atividade.

Conheça a história de Ney Macedo
Ney Macedo em sua fase apresentador

Memórias

A televisão dá visibilidade, não tem jeito. Só para exemplificar, em 1994, através do programa da TV Record, levamos 50 brasileiros para a final da PRCA em Las Vegas. Adriano Moraes acabou sendo campeão da etapa nesse ano e estávamos lá com essa caravana. Além disso, carreguei comigo um saco de estopa cheio de cartas de fãs desejando boa sorte ao brasileiro.

O bom disso tudo é que está registrado até hoje Esse arquivo vai estar disponível para assinantes o ano que vem. E é uma das muitas historias fantásticas nesse tempo que estou no rodeio. Cada vez que eu olho as fitas antigas, me surpreendo com tanta coisa legal. Muitas que eu nem lembrava.

São muitas as histórias que vivi no rodeio. Muitas lembranças, que se misturam um pouco com o sertanejo, música, rodeio. Mas tem tantas pequenas coisas, que eu estou até revendo ao passar uma geral nos vídeos antigos e lembrando. Muita coisa até boba, mas que marcou muito. Que são coisas que mudaram a cara do rodeio, que foram importantes. Acho que não consigo especificar uma coisa só. É um conjunto de boas memórias.

Mensagem

Sobretudo, estou explorando tudo isso no meu livro, tem muita coisa interessante que mudou o conceito do rodeio brasileiro. E eu, graças a Deus, me sinto responsável. Luto pelo rodeio! E quero deixar uma declaração para vocês:

‘Ney, você gosta de rodeio? Não. Você é apaixonado por esse esporte? Não. Caramba, então porque você esta com a TV Rodeio? Talvez aí a única vantagem que eu tenho em relação a muita gente. Porque quando eu falo de rodeio, eu falo com propriedade, sem paixão. Digo o que é bom e o que é ruim na visão de alguém que não é apaixonado pelo rodeio.

Porque se eu fosse apaixonado seria tendencioso. A minha visão pelo rodeio é puramente técnica esportista. Então, talvez seja essa a minha vantagem, de estar levando essa empresa com o nome que ela tem até hoje’.

Edição: Luciana Omena
Colaboração: Analucia Araújo

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