Foi realizada nesta sexta-feira (20), a primeira audiência sobre o assassinato do boliviano Alfredo Rangel Weber, ocorrido no dia 23 de fevereiro deste ano, em Corumbá, a 429 quilômetros de Campo Grande. Na ocasião, o juiz André Luiz Monteiro, da 1ª Vara Criminal, deferiu pedido de revogação da prisão preventiva do policial civil Emmanuel Contis, que passa a responder em liberdade. Ele é um dos réus no processo ao lado do delegado Fernando Araújo da Cruz, que segue preso.
Segundo o advogado Wellyngton Ramos Figueira, que faz a defesa de Contis junto com o advogado Eres Figueira da Silva Júnior, o policial deixou o Centro de Triagem Anízio Lima, em Campo Grande, neste sábado (21). A defesa se baseou na ausência de requisitos para manutenção da prisão. “Como ele já estava preso há cerca de quatro meses, foi verificado que não havia mais requisitos que ensejavam a prisão”, limitou-se a dizer o advogado, lembrando que o caso segue em segredo de justiça.
Wellyngton informou ainda que, quando preso, Contis estava em período de atestado médico e, como ainda não foi instaurado procedimento administrativo contra ele, por enquanto não há nada que o impeça de voltar a exercer sua função. “Ele ainda vai passar por uma avaliação médica e vamos verificar como fica a situação dele no trabalho”, pontuou.
Fernando, que era titular da Daiji (Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e do Idoso), foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por emboscada e impossibilidade de defesa da vítima. Ele está preso desde o dia 29 de março, quando equipes do Garras foram até Corumbá depois da descoberta de que seria o autor do assassinato de Alfredo, que foi esfaqueado em uma festa do lado boliviano, e depois socorrido sendo levado de ambulância para o lado brasileiro.
O delegado interceptou a ambulância e o matou a tiros de chegar ao hospital. Mas, Fernando achando que não havia testemunhas do crime foi pego de surpresa quando foi informado pelo investigador da Polícia Civil, Emmanuel Contis, de que a irmã da vítima estava na ambulância e viu o assassinato.
Em meio a toda a trama do assassinato, testemunhas foram coagidas sendo uma delas o motorista da ambulância, que teve como advogada a mulher de Fernando, Silvia. Mas, o que o casal não esperava era que policiais bolivianos e até um promotor usassem de chantagem para extorquir os dois, com pedido de R$ 100 mil para que não implicassem o delegado ao assassinato.
Na tentativa de encobrir os rastros do crime até execuções dos policiais e delegados que estavam investigando o caso foi arquitetada por Fernando e Emmanuel, que informava ao delegado todos os passos das investigações. O delegado ainda estaria ligado ao tráfico de drogas, já que ele e a mulher estariam em contato com Fernando Limpias, que já havia trabalhado para Adair José Belo conhecido como ‘Belo’ e para Sérgio de Arruda Quintiliano, o Minotauro, que foi preso em Santa Catarina, no dia 4 de abril.
Fernando Limpias estaria comprando fazendas, com pista de pouso, na Bolívia para o transporte de drogas e estava à procura de ‘parcerias’. Silvia, então, teria oferecido a ‘parceira’ através da logística de reabastecimento dos aviões. Nas conversas com o traficante é perceptível o domínio do assunto tanto pelo delegado como por sua mulher. A defesa do delegado negou as acusações sobre envolvimento com o tráfico de drogas.Midiamax