O estudante Caio Henrique Romeiro, de 22 anos, realizou no dia 23 de março o sonho de vestir uma beca e receber seu diploma universitário. Com sua cadeira de rodas, o rapaz participou da formatura e emocionou colegas e professores pela alegria de, finalmente, concluir uma etapa tão importante de sua vida.
O sorriso de Caio, estudante com paralisia cerebral, ao representar a turma no momento da colação de grau — Foto: Arquivo pessoal
Caio nasceu prematuro, no terceiro dia de vida teve uma parada respiratória que ocasionou paralisia cerebral e suas funções motoras ficaram comprometidas, porém, as intelectuais nada sofreram. O rapaz sempre estudou, e quando estava no segundo ano do ensino médio, prestou a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingressar no curso que desejava: Marketing Digital.
Ele mora com a família em Campo Grande (MS), e conta que dedicou-se muito para aproveitar tudo o que o curso oferecia para seu crescimento profissional, já que ele tem um canal de vídeos chamado “Diário do Caio Henrique” onde posta mensagens motivacionais especialmente para pessoas com deficiência.
“Não importa o tempo que vai demorar, é preciso saber que somos capazes, não podemos nos limitar, nos prender. Com os obstáculos a recompensa é muito maior no final”, declara, emocionado.
Agora, Caio planeja a especialização: “Quero fazer alguns cursos de extensão para me aperfeiçoar profissionalmente, mas já estou focado na pós-graduação. Tenho grandes sonhos e muita vontade de realizá-los, nada pode me parar”.
Para ele, dois momentos foram particularmente emocionantes na formatura: “Fui escolhido como representante para o momento da colação de grau, quando o reitor colocou aquele chapéu branco em mim, me arrepiei, foi uma surpresa, uma emoção muito forte”, conta.
O outro, foi quando a coordenadora do curso abaixou-se ao nível da cadeira e entregou-lhe o diploma: “O momento em que recebi aquele canudo foi muito marcante, lutei muito por isso, foi um sonho realizado com muita dedicação”.
Doze horas de estudo por dia
Para facilitar a logística de locomoção, Caio optou pela Educação à Distância (Ead). Ele estudava em casa e assistia às aulas pela internet, mas, uma vez por mês dirigia-se ao pólo para as avaliações:
“Minha rotina de estudos é puxada porque eu prefiro assim, gosto de me dedicar. Começava a estudar às 7h e ia até 19h, assistia às aulas, escrevia resumos, fazia os exercícios e depois revisava tudo. Às sextas-feiras eu descansava e ia para a faculdade, que disponibilizava uma tutora para me acompanhar e fazer a leitura da prova, eu fazia as avaliações separado dos demais”, conta.
“Eu pensava comigo, já que estou com essa oportunidade de estar no ensino superior, já que tenho essa chance na mão, vou dar o meu melhor até o fim.”
Agora, Caio quer usar seu exemplo para motivar outras pessoas com deficiência a fazerem o que têm vontade: “Precisamos ter essa consciência de que a limitação física não pode ser maior do que nossos sonhos, nossa vontade de crescer, de fazer o que queremos. Não é fácil, precisamos ter muita persistência, mas é possível. Viver um sonho como esse é algo que diz muito, essa realização vai muito além de qualquer limite”, finaliza. G1