Do nada cai uma coisa lá do céu em cima da tua cabeça.” Foi dessa maneira que o motorista João Adroaldo Tomackeves, 52 anos, definiu o acidente ocorrido com o caminhão que ele dirigia e que foi se chocou com o helicóptero em estava o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci, que morreram após a colisão.
O acidente aconteceu na Rodovia Anhanguera, em São Paulo, nesta segunda-feira (11). O helicóptero bateu na parte dianteira do caminhão dirigido por Adroaldo pela via.
O motorista explicou que assim que passou pela praça do pedágio do acesso do Rodoanel para a Rodovia Anhanguera foi surpreendido com o acidente com o helicóptero.
“Foi simplesmente tu estar andando e do nada tu vê aquele estrondo e tu ficar sem visão, sem ficar sabendo o que aconteceu. Tu não sabe o que aconteceu. Você fica analisando o que pode ter acontecido. Eu estava sozinho, daqui a pouco eu estou ali daquele jeito, todo arrebentado, preso, o caminhão parando. Só vi realmente depois que eu estava fora [do caminhão]”, disse Adroaldo.
Ele disse que não teve tempo de reação. “Jamais, nunca, na hora só pensei porque eu fiquei sem visão e eu pensei em parar e depois ver o que aconteceu, ver quem bateu. Ele [helicóptero] caiu de cima pra baixo, veio de cima pra baixo, não veio de frente para mim, tava limpa, limpa, limpa a rodovia. Passei o Via Fácil e não tinha nada, aí do nada aquele estrondo, sobe metade da cabine na minha frente.”
Adroaldo disse que demorou a entender o que tinha acontecido. “Ele caiu, não sei bem certo, em cima da cabine, da carroceria, alguma coisa assim. Eu passei no Via Fácil, a 40 km/h, tava saindo, não tinha nem como ver nada. Tranquilamente concentrado no que está fazendo no trânsito e do nada cai uma coisa lá do céu em cima da tua cabeça.”
Fã do Boechat
Adroaldo disse que gostava do jornalista morto e só soube quem tinha morrido depois de sair do caminhão. “Infelizmente, né, fazer o que, eu era um fã dele no jornalismo, jamais imaginaria que era a pessoa que fosse. Lamento por ele e pelo piloto dele.”
O motorista disse acreditar que o fato de o helicóptero ter caído sobre o caminhão evitou algo mais grave. “Se fosse um veículo pequeno poderia ter sido muito pior. Simplesmente eu agradeço a Deus por estar vivo, não era a minha hora.”
Adroaldo lembrou do socorro que recebeu da vendedora Leilaine da Silva, 29 anos. “Quando eu parei, ela foi a primeira que tentou me tirar, perguntou se eu estava bem, se eu estava sentindo alguma coisa, se eu tinha algum corte. Só estava tentando sair, ela me auxiliou, tirou alguns cacos de vidro que estavam em cima de mim, umas tranqueiras, ela deu o apoio dela para eu pular aquela janela. Não fiquei preso, tinha muita coisa, tranqueira em cima de mim.”
Ele disse que teve a oportunidade de agradecer a vendedora pela ajuda que ela lhe deu. “Ela esteve lá no hospital para ver como eu estava.
Ele comentou o fato de ter passado mal quando se preparava para prestar depoimento à polícia, no 46º Distrito Policial. “Emoção. Tenho 31 anos [de profissão] e nunca me envolvi em acidente. Um absurdo de ver. Mas é coisa do dia-a-dia, a gente está na estrada, a gente se bota no lugar das pessoas quando acontece isso, hoje eu me coloquei no lugar.”
Realmente o motorista nunca tinha se envolvido em acidentes desde que começou a trabalhar na empresa Rápido ABC Transportes, conforme seu gerente de logística, Adriano Rech. A empresa é sediada em Caxias do Sul, de onde o caminhoneiro saiu, no último sábado (8). Conforme o gerente de logística, o motorista viajou rumo a Diadema, em São Paulo naquele dia.
Ele levou uma carga de farinha de trigo, entregue na manhã de segunda. Depois, passaria em Cajamar para carregar o caminhão com a carga da volta, de matéria-prima.
A empresa tem filiais em Curitiba e São Paulo, conforme Adriano. Um gerente da unidade paulista foi até o local do acidente, para avaliar os estragos. Assim que o veículo for liberado, a empresa entrará com o pedido de ressarcimento do seguro. De acordo com Adriano, pelo que foi possível ver nas imagens, o veículo teve perda total.