Sessenta e um anos vividos, são 41 anos trabalhando na manutenção do metrô de São Paulo. Muitos deles numa correria danada durante as madrugadas.
“Tirar 60 parafusos, fazer a manutenção de tudo. Então, você tinha às vezes uma hora e meia, uma hora para fazer isso”, conta.
Toda essa pressa o levou pras ruas.
“Comecei a correr, fui apanhando amor, gostando da coisa, cada vez treinando mais. Depois meia maratona, depois maratona.”
Mas nessa vida agitada de cidade grande, cadê o tempo para treinar, manter o corpo em forma para as corridas? O Donizete arrumou um jeito: chegando para trabalhar. Ele entra 7h em ponto; não pode ter atraso.
Então às 4h ele tá de pé para correr até o serviço. 20 km de Ferraz de Vasconcelos, cidade da região metropolitana de São Paulo, até a Zona Leste da capital. Faz isso, pelo menos, três vezes por semana.
“Sempre animado. Uma coisa que não existe comigo é preguiça”, conta Donizete.
São lugares pouco iluminados e quase desertos. O único acidente de percurso envolveu um galo bravo. “Eu correndo e senti aquela bicada dele, bicou e ao mesmo tempo que ele bicou, ele bateu com a espora, entendeu?”
A prova começa no escuro e termina já com o dia nascendo. E, muito bem preparado, o Donizete vai para a décima São Silvestre da vida.
“Ela é especial porque, como está encerrando o ano, é uma confraternização. É legal para fechar o ano com chave de ouro.”
Que venha 2019, porque a loucura de correr de casa pro trabalho vai continuar. Donizete pretende continuar correndo enquanto tiver força nas pernas. “Espero chegar aos 100 anos.”G1