Catador que criou Batfusca com restos de lixo põe carro à venda por não conseguir manter família: ‘Só tenho ele’

Celso colocou Batfusca à venda por não ter mais nada para vender: "É o que tenho de mais precioso" — Foto: Jaqueline Naujorks/G1MS

Celso colocou Batfusca à venda por não ter mais nada para vender: “É o que tenho de mais precioso” — Foto: Jaqueline Naujorks/G1MS

Celso Ramos Aristimunho, de 68 anos, é o catador de recicláveis que criou o “Batfusca”, um fusca ano 1968 todo paramentado com materiais que ele encontrou no lixo pelas ruas de Campo Grande (MS). Quase 5 meses após a primeira entrevista ao G1, ele conta que colocou o carro à venda, a última opção diante das dificuldades financeiras: “Fiquei doente, parei de trabalhar, e agora preciso vender a única coisa preciosa que tenho”, comenta.

Celso comprou o fusca “todo arrebentado” há 4 anos e desde então, vem realizando seu sonho de ter um carro “esportivo” colocando detalhes nele: “Alguns tem utilidade, outros são só enfeite mesmo, coloquei porque achava bonito, mas cada um tem um significado. Ele fica bonitão assim, não é? Fica possante!” declara, orgulhoso.

O orgulho que sente do carro, para ele, é a parte mais difícil de precisar vendê-lo: “Eu só tenho ele, nunca pensei que precisaria me desfazer, mas às vezes a gente simplesmente não tem alternativa”. O carro ainda não tem preço.

“Não sei por quanto se pode vender uma obra de arte criada com lixo”, declara o catador.
O Batfusca tem esse nome porque, quando foi comprado, no forro da porta dianteira havia uma costura com a imagem do Batman, que o dono mantém até hoje.
Agora, além da porta, Celso adicionou um detalhe na traseira do carro para deixar bem clara a identidade dele: “O fusca é meu, mas poderia ser do Batman!” diverte-se.

O Batfusca tem de tudo: parafuso, papelão, borracha, restos de carros encontrados em oficinas, eletrodomésticos quebrados, caixas de fósforo e peças de ventilador adaptadas para refrescar dentro do carro, tudo vira matéria-prima.

Um menino que passava de mãos dadas com o pai no momento da entrevista ao G1, disse o que a maioria das pessoas comenta ao ver o fusca: “Olha, pai! Parece um ‘Transformer’!”. O catador diz que acha muito legal, mas não sabe o que é um Transformer.

Embora goste de incrementá-lo com o que acha na rua, Celso diz que não tem dinheiro para colocar as coisas que “dependem de oficina”: “Não reparem nesse plástico no lugar do vidro, ele quebrou e não tive como trocar, então improvisei. O importante é não molhar o banco quando chove”.

O catador, que gosta de criar engenhocas com coisas que encontra no lixo, não anunciou o carro na internet porque não sabe como fazê-lo: “Eu não entendo dessas tecnologias, não sei como falar do carro na internet, e não vou colar uma placa nele porque fica muito feio, estraga a beleza do fusca”, declara.

Celso diz que acredita que o novo dono virá até ele:

“Se for para esse fusca ir para as mãos de outra pessoa, que possa amá-lo como eu amo, essa pessoa vai chegar até mim. Esse carro é minha preciosidade, e quero que ele pertença a alguém que valorize as coisas simples, como um carro que ficou bonito com coisas do lixo”.

Para que o possível comprador o encontre, ele dá o caminho: “Não tenho esse ‘zap’ de conversar e não lembro meu telefone de cabeça, tenho ele anotado em casa, mas é só a pessoa procurar pelo Celso do Batfusca no Taveirópolis que todo mundo sabe onde me encontrar”.

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