Um dia após o crime, suspeita da morte de Daniel troca mensagens com a família do jogador: ‘Ele só deu tchau, levantou e foi embora’

Daniel jogo pelo Coritiba em 2017 — Foto: Divulgação/Coritiba

Daniel jogo pelo Coritiba em 2017 — Foto: Divulgação/Coritiba

Allana Brittes, de 18 anos, suspeita de envolvimento da morte de Daniel, trocou mensagens via WhatsApp com a mãe e com a tia do jogador de futebol um dia depois do crime.

As mensagens fazem parte do inquérito que apura a morte do atleta.

Daniel e outras pessoas participaram da festa de aniversário de Allana em uma boate em Curitiba na noite de sexta-feira (26). Na madrugada de sábado (27), o grupo foi para a casa da família Brittes em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana da capital.

Lá, de acordo com a polícia, Daniel foi espancado e depois levado por Edison Brittes, pai de Allana, para o matagal, onde foi encontrado morto.

De acordo com o Instituto Médico-Legal (IML), inicialmente, a causa da morte foi ferimento por arma branca. A polícia afirma que o órgão genital do jogador foi cortado.

  • O que ainda não está claro na investigação do crime

Questionada pela família onde estaria Daniel, Allana respondeu que não sabia dele, que não houve briga na casa dela e que o jogador foi embora, sozinho, por volta das 8h da manhã de sábado.

“Ele só deu tchau, levantou e foi embora”, diz a mensagem.

Suspeita troca mensagens com a família do jogador Daniel um dia após o crime — Foto: Reprodução

Suspeita troca mensagens com a família do jogador Daniel um dia após o crime — Foto: Reprodução

Allana Brittes, de 18 anos, o pai dela Edison Júnior, de 38 anos, e a mãe Cristiana Brittes, de 35 anos, foram presos temporariamente. A família é suspeita de envolvimento na morte do atleta.

Edison confessou ter matado o jogador. Disse que cometeu o crime porque Daniel tentou estuprar a esposa dele.

Em um vídeo gravado pela defesa da Allana, antes de ser presa, a jovem diz que conhecia Daniel há menos de um ano. Segundo a jovem, ela nunca teve relacionamento com Daniel e ele não foi convidado para ir à casa dela.

Ela relata que após uma gritaria, viu Daniel em cima da mãe dela tentando estuprá-la e que “todo mundo queria fazer alguma coisa contra ele”

A polícia investiga se a família suspeita tentou alinhar uma versão do crime.

As mensagens

Durante a conversa, no domingo (28), Allana diz que está indo ao Instituto Médico-Legal (IML) com os pais e diz para a mãe de Daniel ficar tranquila. “Se Deus quiser não vai ser ele. Vamos ter fé. Vai dar tudo certo”.

Allana Brittes diz à família que estava indo ao IML — Foto: Reprodução

Em seguida, a mãe manda uma mensagem de áudio dizendo que Daniel está morto. Allana escreve que não acredita. ”Não acredito nisso. Me diz que é mentira”.

Na segunda-feira (29), Allana pede informações sobre o velório de Daniel.

Então, quem passa a responder as mensagens é a tia de Daniel. Ela faz perguntas sobre quem estava na casa da Allana, que horas Daniel havia saído, quem era a menina com quem Daniel estava, se essa menina era solteira e se havia ocorrido alguma briga.

Allana responde que Daniel foi embora sozinho, umas “8h e pouco”, dá o nome de quem seria a menina, fala que essa menina estava dormindo com ela quando Daniel foi embora e que não havia ocorrido nenhuma briga na casa dela.

“Claro que não, imagina! Era a minha casa! Ele só deu tchau, levantou e foi embora”.

O promotor responsável pelo caso, João Milton Sales, considera que que Allana demonstrou frieza na troca de mensagens.

“Isso demonstra a frieza com que essa menina com tenra idade se comportou nesta situação. Ela sabia que o Daniel já tinha sido mutilado, ela sabia que ele já estava morto e ainda estava conversando com a mãe do rapaz”, diz o promotor.

Segundo o promotor, houve uma tentativa de encobrir o crime “hediondo, brutal, grotesco que cometeram”.

O que diz a defesa
O advogado Claudio Dalledone, que defende a família, disse que as mensagens não surpreendem e que a filha estava tentando proteger o pai.

“Edison Júnior assume ter matado e ocultado o cadáver de Daniel Freitas. Logo, uma suposta conversa como a que vem sendo divulgada é natural, um ato impensado e desesperado de uma filha tentando proteger o pai”, diz trecho da nota divulgada pelo advogado.

Ainda conforme Dalledone, a Allana, Cristiana e Edison devem ser ouvidos pela polícia na segunda-feira (5).

Polícia procura outros suspeitos
A Polícia Civil do Paraná procura por outros três suspeitos que teriam participado da morte de Daniel.

“Nós estamos identificando quem são as pessoas que estavam na casa junto do principal suspeito. Sabemos que três pessoas entraram com ele e o jogador dentro do carro para matar Daniel”, afirmou o delegado Amadeu Trevisan, da Delegacia de São José dos Pinhais.

O delegado disse que o jogador não teve como reagir à agressão que sofreu dentro da casa.

O meia Daniel estava emprestado pelo São Paulo ao São Bento, time que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro. Em 2017, jogou no Coritiba.

Daniel nasceu em Juiz de Fora (MG) e tinha 24 anos. Revelado pelo Cruzeiro, o meia também passou pelo Botafogo e Ponte Preta.

O atleta foi velado e enterrado em Conselheiro Lafaiete (MG), onde a família dele mora. G1

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