Eva Pereira da Silva, de 72 anos, lembra-se de pouco do tempo em que viveu com sua família, pois aos 5 anos foi dada a outra família e mudou-se com eles para o interior de São Paulo. Depois de 66 anos, ela reencontrou sua irmã e conheceu familiares que não imaginava ter.
Segunda filha de três irmãs, Eva foi a primeira a ser doada quando sua mãe Iracema se viu sozinha, após ser abandonada pelo marido Orozino. Irani, a mais nova, foi doada a uma família de Três Lagoas e Alice, a mais velha, para outra, em Pedro Gomes. Algum tempo depois, arrependidos, Iracema e Orozino procuraram tentaram reaver as filhas, mas nunca conseguiram encontrar Eva.
Eva cresceu pensando que não era desejada pelos pais, mas nunca deixou de procurar. A esperança chegou quando sua filha, a jornalista Érika Cristina Pereira da Silva, de 37 anos, ficou sabendo dos casos de sucesso da investigadora da Polícia Civil Maria Campos.
“Eu falei para a minha mãe que se a Maria Campos não encontrasse, não tinha mais jeito. Mandei email em junho e ficamos sabendo na segunda (20) que ela tinha encontrado a minha tia”, conta Érika.
Ansiedade
“Ficamos ansiosos, minha mãe, na hora que minha, chorou”, afirma Érika sobre o momento em que soube que sua tia havia sido encontrada. “Minha mãe falava ‘já estou velhinha, é meu aniversário mês que vem, queria esse presente’. Ela não sabia muita coisa, pensou que os pais não queriam ela, mas eles procuraram por ela”, salienta.
“Localizamos a família em Coxim e hoje (quarta-feira – 29/08) aconteceu o encontro entre elas”, contou a investigadora ao MidiaMAIS. Eva veio a Mato Grosso do Sul acompanhada das filhas Érika e Ellen, de 32 anos. Foi um momento de muita emoção e de descobertas.
Eva, que se reencontrau somente com Irani, pois Alice morreu há alguns anos, descobriu uma enorme família. O pai, Orozino, teve 12 filhos de outro relacionamento. “Para quem achava que era sozinha no mundo … 90% de Coxim é parente dela. A gente até assustou quando chegamos na delegacia”, relatou Maria Campos.
“Quando chegamos na delegacia pensei que fossem curiosos e não familiares. E a Maria falou ‘são parentes, irmãos, tios, primos’, ficamos muito felizes. Minha mãe sempre dizia que era sozinha e agora tem uma grande família”, declara Érika.
Felicidade
Para Irani de Souza Fernandes, o sentimento foi muito grande. “Olha, acho que passou da felicidade. Só tem que agradecer a Deus e a todos que deram o privilégio de alcançar essa vitória. Era o meu sonho, sonho de toda família. Eu tinha aquela fé em Deus”, descreve a irmã mais nova.
Sobre os pais já mortos ela disse que “onde estiverem vão ficar felizes”. Quando Eva foi doada, Irani tinha 3 anos e não lembrava da feição da irmã, mas as recordações e o desejo de encontrá-la foram sendo construídas com os anos de procura.
As palavras são poucas para descrever os sentimentos das duas. “Eu estou muito feliz, viu”, comenta Eva. “Estava pensando que ia ver uma irmã e vi um monte de irmãos, uma família grande, Deus me concedeu essa graça”, adiciona.
“Sempre tive a esperança de encontrar eles. Minha irmã mais velha que não consegui ver com vida, mas nem acredito que estou aqui com todos eles. Achava que eles não tinham me procurado, que só eu que estava procurando, mas eles procuram muito, antes mesmo de eu procurar. Eles morreram desejando me ver.” Midiamax