Um mensagens de texto trocadas com um amigo, Marcelo Kroin, de 38 anos, preso suspeito de matar a mulher grávida, Andreia Campos Araújo, de 29 anos, convida um amigo para “assar uma carne” após o assassinato em Jaraguá do Sul, no Norte catarinense. Com o material solicitado da perícia, a 4ª Promotoria de Justiça pretende denunciar o suspeito, que está preso, por feminicídio no início da próxima semana.
Andreia foi encontrada morta, enrolada em um cobertor dentro de carro estacionado na garagem da casa dela, em 5 de agosto. O marido foi preso em flagrante após confessar a autoria do crime à polícia.
Ainda nas mensagens, trocadas em conversas por WhatsApp, entre 10h e 18h do dia do crime, Marcelo relata estar “encrencado” para o amigo e não saber o que fazer. “Briga com a mulher e tu nem imagina a m* que fiz”, diz o marido em um dos trechos.
Na sequência, além de convidar para um churrasco, Marcelo diz “tem um traz pra relaxar” para o amigo. O promotor Marcio Cota afirma que ainda não analisou todas as informações recebidas, mas que o trecho demonstra o perfil do suspeito. “Mostra um pouco da frieza dele, da personalidade”, disse o Cota.
Até esta sexta-feira, conforme o promotor, o laudo da gravidez de Andreia, que a própria família e o suspeito afirmaram estar grávida de três meses, não havia sido recebido pela promotoria.
“Tudo se encaminha para uma denúncia de homicídio qualificado (feminicídio e asfixia), agravado pelo fato dela estar grávida (se o exame confirmar)”, explicou Cota.
Veja trechos da conversa:
Amigo: Opa
Amigo: Fala mestre
Marcelo: Es e ta fazendo o que?
Amigo: Por enquanto nada, e tu?
Marcelo: Cara ti em casa…Vem aí
Marcelo: Te encrencas querua conversar …Contigo
Marcelo: Ti encrencado
Amigo: Viixx
Amigo: Oq que deu
Marcelo: Briga com a mulher e tu nem imagina a merda que fiz
Marcelo: Vem ai
Amigo: Aiaiai
Marcelo: Depois a gente assa uma carne
Marcelo: Tem um traz pra relaxar
Marcelo: Tá vindo?
Amigo: Ainda não
Amigo: Não posso agora, só depois do almoço, pode ser?
Marcelo: Pois eh blz…Tu que sabe.. To tenso queria conversar
Marcelo: Meio que não sei o que fazer
Entre 14h e 16h, Marcelo mandou áudios para o amigo. O material em áudio ainda não havia sido recebido promotoria até a manhã desta sexta-feira (17). Também foram enviadas imagens, que também não foram divulgadas.
Na sequência, após as 16h, o amigo aconselha Marcelo a se entregar e chamar um advogado. Marcelo diz em mensagem: “não sei o que fazer, não posso falar nada”. O amigo pergunta onde Marcelo está e ele afirma: “Tava na rua. To indo pra cas (sic)”.
A dona de casa de 28 anos morreu por traumatismo craniano, segundo o Instituto Médico Legal (IML).
A PM foi chamada por volta das 18h30 de domingo (5). Vizinhos relataram um possível homicídio no bairro Jaraguá Esquerdo. Ao chegar na residência, encontraram o corpo de Andreia dentro de um carro e enrolado em um cobertor.
O marido disse à polícia que o crime ocorreu depois de uma briga do casal. À PM, Kroin disse que Andreia tentou agredi-lo e ao se defender, deu um soco na jovem.
O marido contou à polícia ter colocado o corpo da vítima no carro, por volta das 14h do domingo, dirigido até a cidade vizinha de Canoinhas, e de acordo com a polícia “sem saber o que fazer, [o marido] voltou para casa com o corpo da vítima dentro do veículo”. O carro foi apreendido e passou por perícia.
Versão do crime contestada
Segundo a Polícia Civil, Kroin confessou que a atingiu com um soco no dia 5 de agosto e que ela bateu a cabeça depois, morrendo em seguida. Porém, essa versão é questionada pelo delegado Rodrigo Carriço.
“Se ela caiu após levar um soco, o natural seria que ele chamasse o socorro, porque poderia ter sido um desmaio ou outra reação. Essa versão dele não é plausível. Agora, caberá ao juiz avaliar se novas diligências serão necessárias neste caso”, afirmou Carriço.
Conforme o IML, a suspeita é de que a mulher tenha sido espancada e até esganada, mas a causa da morte foi traumatismo craniano.
Conforme a Polícia Civil, Marcelo tinha passagens pela polícia por violência doméstica, tendo como vítima a ex-mulher. “Em um boletim de ocorrência registrado entre 2015 e 2016, a própria vítima relatou que ele a empurrou e segurou seu braço com força”, declarou o delegado. G1