Argentino que veio ao Brasil para a Copa de 2014 vive no Rio, casado com carioca que lhe deu ingresso para final

Juan e Caroline divertem-se relembrando histórias durante a Copa do 2014 (Foto: Affonso Andrade/G1) Juan e Caroline divertem-se relembrando histórias durante a Copa do 2014 (Foto: Affonso Andrade/G1) Juan e Caroline divertem-se relembrando histórias durante a Copa do 2014 (Foto: Affonso Andrade/G1)

Copa do Mundo de 2014: a Seleção Brasileira sofre a histórica goleada de 7 a 1 para a Alemanha e os hermanos batem na trave na conquista do título ao perderem a final no Maracanã.

“Foi em uma semana. Tudo muito rápido. Desde o começo parecia que nos conhecíamos há muito tempo. Nunca tinha acontecido isso comigo, de conhecer uma pessoa e não desgrudar, não parar de se falar. Lembro que quando minhas amigas falavam pra saírmos, que ia ter argentinos, eu dizia logo: ‘eu? ficar com argentino? nem pensar”, contou Caroline aos risos.

“Eu sempre soube que iria encontrar alguém como o Juan, mas não imaginei que fosse ser naquele momento. Não sabia que ali seria o início da nossa família. Qualquer Copa sempre vai ser um marco na nossa vida”, completou.
O que começou com dois encontros despretenciosos, entre os dias 5 e 6 de julho de 2014, na arena Fifa Fun Fest e em um bar de Copacabana se transformou numa convivência diária por sete dias até o jogo final da Copa, no dia 13 do mesmo mês.

Caroline contou ao G1, em tom de brincadeira, que Juan disse que se casariam se ela conseguisse um ingresso para ele assistir à final entre Argentina e Alemanha, no Maracanã. Apaixonada, Caroline conseguiu a entrada e o gringo cumpriu a promessa.

A carioca conta o que fez para o argentino assistir à finalíssima da Copa: aceitou o convite do ex-namorado para ir ao estádio. Com o ingresso em mãos, Caroline decidiu passá-lo a Juan já que a Argentina estava na final.

No grande dia, a empresária teve que fingir para o ex-namorado que perdeu o ingresso. Entrou em contato com Juan e marcou um lugar para entregar o bilhete.

O argentino foi ao encontro dela sem sinal ou internet no telefone celular. Teve a sorte de pegar um táxi com um motorista disposto a ajudá-lo. O casal recorda as dificuldades para conseguirem se encontrar do lado de fora do Maracanã.

“Estava muito nervoso e o motorista foi meu anjo da guarda. Quando cheguei, o taxista ligou várias vezes para Caroline, mas eu não sabia que o telefone dela havia descarregado”, divertiu-se Juan que se recorda que a mulher chegou a ligar do celular do ex para tentar encontrá-lo.

“Assim que vi Juan, disse ao meu ex que ia comprar algo para comer. Entreguei o ingresso para o Juan e voltei dizendo para ele que tinha perdido o bilhete. Falei que ia embora, que tinha estragado tudo, mas ele arrumou outra entrada gratuita e todos nós assistimos à final da Copa. Mas separados”, recorda Caroline, constrangida, ao lembrar da situação.

Quando o romance entra em campo
Em meio aos mais de 886 mil turistas que o Rio de Janeiro recebeu, o argentino Juan chegou à Cidade Maravilhosa acompanhado de seis amigos compatriotas e logo impôs a regra de que nenhum deles poderia se apaixonar.

Mas os planos mudaram quando “esbarrou” com Caroline na entrada da arena do Fifa Fan Fest, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, durante o jogo de quartas de final entre Argentina e Bélgica.

“Eu fui o primeiro a falar que seria uma viagem de amigos pra curtir, conhecer o Rio e que isso estragaria o clima. Assistir a uma Copa era o nosso sonho. Só que quando acabou o jogo na arena, eu saindo e ela entrando, a gente se olhou, foi coisa de segundos. Caroline estava com as amigas me olhando e rindo, mas quando eu tomei a iniciativa, meus amigos quiseram ir embora”, lamentou.

O que Juan não esperava era reencontrar Caroline em um bar em Copacabana às 2h da manhã do dia seguinte.

“Convidei meus amigos para irmos à Lapa, no Centro da cidade, e, no caminho, eu a vi dentro de um bar. Na mesma hora eu entrei na fila e meus amigos não entenderam nada. Ficamos meia hora esperando. Eu estava possuído”, brincou.

Caroline contou que teve dificuldades, no início, com o espanhol de Juan, mas que depois daquele dia, apesar de não ter rolado o beijo, a química se estabeleceu entre os dois.

“Eu achava que entendia tudo de espanhol, mas não entendia. Tentei falar com ele em inglês, mas não rolou. Aí, parti para o ‘portunhol’. O beijo mesmo demorou, só rolou no segundo dia”.

Dois anos depois, nasceu a filha do casal, Sophia. O nascimento da criança interrompeu os encontros do casal na ponte aérea Rio-Córdoba e fixou Juan de vez no Rio.

O argentino montou o hostel Mojito, nome da bebida que pagou a Caroline naquela noite da Copa de 2014, em que se conheceram em Copacabana.

Sonho de ver a Argentina campeã
Em clima de Mundial de futebol, o sonho de Juan é que a Argentina ganhe o título da Copa, o que não acontece desde 1986. Se depender de Caroline, esse desejo vai ficar só “em sonho mesmo”.

“Também vou torcer pelo Brasil porque virou minha familia. Eu moro aqui. Mas se eles se enfrentarem, vou torcer pela Argentina com certeza”, brincou Juan.

O casal diverge quando tem que escolher entre Brasil e Argentina. Mas, para ele, a Copa ganhou um novo significado desde que fincou raízes em terras tupiniquins.

“A Copa para mim é Brasil, Argentina e nossa filha. Vim para curtir e não para brigar. Quando Caroline ficou grávida, foi complicado a distância, eu viajava, mas não conseguia acompanhar ela do jeito que precisava. Chegou uma hora que eu sabia que não ia conseguir ficar longe dela, nem da minha filha. Vim para o Brasil sem saber com o que iria trabalhar, mas eu não ia ser feliz longe delas”, afirmou Juan Zengaro. G1