“Queria meu irmão de presente de aniversário”, este foi o pedido Wanderley Gonçalves Courbarssier. Desde então, a família não mediu esforços para o sonho do idoso ser realizado. Parentes rapidamente passaram a programar o reencontro com Wanderlino Gonçalves Courbarssier. Ambos são gêmeos, estão separados há meio século e quinta-feira, dia 31 de maio de 2018, comemoram seus 80 anos assim… juntinhos e felizes.
Mineiros, os gêmeos fazem parte de uma família bem grande, somando ao todo oito irmãos. Filhos do militar André e da dona de casa Augusta, eles já moraram em vários lugares do Brasil devido ao trabalho do pai.
Quando criança, além de irmãos, também eram amigos inseparáveis, mas com tempo, cada um foi tomando um rumo diferente e a vida acabou separando os gêmeos.
Wanderlino é um senhor animado, brincalhão e extremamente simpático. Ele conta que morou em vários lugares do Brasil e criou raízes no estado de Pernambuco, onde mora com a esposa e os quatro filhos.
“Já morei no Paraná, Santa Cataria, Rio Grande do Sul e, agora, em Pernambuco. Sempre trabalhei como vendedor, vendia de tudo, desde livros até seguros. Me casei, criei meus filhos e agora estou aposentado”, disse o idoso bem- humorado.
Wanderley não foi tão aventureiro como o irmão, sempre estudioso, ele concluiu quatro faculdades. Foi aluno da primeira turma de medicina da UFMT (Universidade Estadual de Mato Grosso), que hoje é a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Médico aplicado, trabalhou em vários hospitais de MS, por não cobrar suas consultas, ficou conhecido como ‘o médico dos pobres’.
“Ele praticava a medicina por amor e não cobrava suas consultas, algumas vezes os pacientes compravam os remédios com o dinheiro. Ele já trabalhou de meteorologista na Aeronáutica, e concluiu os cursos de letras, direito, engenharia e medicina”, disse a esposa de Wanderley, a enfermeira Ebe Chamorro Rodrigues Courbarssier, de 53 anos.
Irmãos posam felizes para a foto. Foto: Anna Gomes
Pai de sete filhos, há cerca de dois anos Wanderley sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e há aproximadamente dois meses ele passou a falar menos. Hoje em dia diz apenas algumas palavras, mas olha com carinho para os olhos da esposa quando ela conta sua história de vida. E quando interrogado, ele balança a cabeça concordando com tudo.
Familiares contam que os dois eram gêmeos idênticos, mas devido aos problemas de saúde de Wanderley, hoje, eles podem não se parecer tanto quanto antigamente, só que quem se importa com isso quando o amor que um sente pelo outro continua o mesmo?
“Estou feliz demais, ver meu irmão depois de tanto tempo foi a coisa mais linda que já aconteceu na minha vida”, disse Wanderlino.
Contato
Há meio século era meio difícil a pessoa mudar de local e ainda conseguir manter contato. Com o tempo um não tinha mais notícias do outro, mas isso não que dizer todos os anos de convivência haviam caído no esquecimento.
Ebe conta que em um cartório eleitoral, uma amiga do casal perguntou para Wanderley se ele era gêmeo. Ele disse que sim, mas que não sabia onde o irmão estava. A atendente então conseguiu descobrir a cidade que Wanderlino havia votado na última eleição e, após essa informação, começou a busca para o reencontro acontecer.
“Passei a ver a lista telefônica, pois isso aconteceu na década de 90. Wanderlino já morava em Limeira, no Pernambuco e comecei a pesquisar. Liguei em um orelhão do município e por acaso quem atendeu a ligação foi um sobrinho dele que pediu para eu retornar em meia hora e quando ligamos novamente já foi o próprio Wanderlino que atendeu e os irmãos finalmente conversaram novamente”, disse Ebe emocionada.
Mesmo mantendo contato por telefone, devido à distância eles ainda não haviam se encontrado para darem aquele abraço que mata qualquer saudade. Neste ano, foi diferente após um pedido de Wanderley.
“Quando perguntamos para ele o que queria de presente de aniversário ele rapidamente disse que queria seu irmão e nós começamos a programar o reencontro”.
Pelo visto todo esforço deu certo, Wanderlino desembarcou no Aeroporto Internacional de Campo Grande no último dia 29 de maio e de lá para cá foi só carinho entre os irmãos que não se desgrudam.
“Demorou mas aconteceu e estamos muito felizes, quando eu o vi no aeroporto fiquei feliz demais, é a coisa mais linda”, disse Wanderlino pegando carinhosamente na mão de seu irmão.
Um amor que nem os quase mil quilômetros de distância conseguiu separar
Hoje, os irmãos completam 80 anos e os familiares organizaram uma baita festa para os dois. Wanderlino está conhecendo a maioria dos parentes já que devido ao tempo de distância ainda não conhecia. Wanderley mesmo sem poder conversar muito, seu olhar diz tudo. É incrível como ele olha com carinho para o irmão que estava distante. Um amor lindo, que dura mesmo após meio século de separação. Top Mídia News