Keila Arruda Velasquez mal tinha chegado ao mundo quando a família dela recebeu o diagnóstico: uma doença rara a acompanharia e a previsão era de viver, no máximo, por 2 anos. O tempo passou e, desafiando previsões médicas, ela atualmente está com 34 anos. A aparência nada demonstra, mas em seu interior os ossos já quebraram 32 vezes, sendo 5 somente na gestação do último filho.
“A doença é chamada ossos de vidro, em que uma pessoa em um milhão sobrevive, segundo vários médicos explicaram. Quando eu nasci, já quebraram os ossos de dois braços e duas pernas e ninguém sabia o que era. O primeiro filho que eu tive não resistiu também, eu tinha 26 anos. Só que o milagre continua acontecendo e eu engravidei novamente”, afirmou ao G1 Keila.
Entre tanta superação, ela disse que teve o maior presente com o nascimento do 2° filho. “Meu menino se chama Pedro e está com 2 anos e 6 meses. Ele é perfeitamente normal e inclusive é bastante arteiro, já quebrou meu rack novinho, vive aprontando. O meu outro bebê se foi aos 8 meses e é muito bom ver o Pedro assim, nunca precisou de tratamento algum”, comentou.
Criada pela mãe e a avó materna, Keila relembra que qualquer escorregão era motivo para ela ser internada. “Eu nunca fui uma criança normal, que fez esportes. O meu fêmur por exemplo vive fraturado, então tive que trabalhar em call center fazendo atendimentos sentada. É assim há mais de dez anos. Qualquer esforço já me levava para o hospital e eu tinha que usar prótese, haste e gesso para voltar o osso no lugar”, lamentou.
Sobre o Dia das Mães, ela conta que estará em casa, ainda se recuperando da última fratura no fêmur. “Mais uma vez eu ouvi dos médicos que sou um milagre. Agora fui encaminhada para um médico especialista em ossos. Agora, nesta última vez, ficou 9 centímetros de diferença entre uma e outra. Ela trata de crianças, mas, ela vai me avaliar porque é a única especialista em osteogenese imperfeita”, garantiu.
Mesmo sentada o tempo todo, Keila ressalta que possui muita alegria em viver. “É uma imensa felicidade em ver meu filho brincando. Neste domingo, vou ter a ajuda do meu irmão para comemorar a data, pois vamos para casa da minha irmã. Ele vai chegar de viagem e me levar em uma cadeira de rodas. Vamos comer bolo e ficar conversando”, disse.
Mãe da Keila, D. Áurea Arruda Velasquez, de 53 anos, conta que a luta é constante. “A doença é raríssima e, no decorrer dos anos, ela foi superando a tudo isso. O maior sofrimento realmente foi na gravidez, mas, graças a Deus, o bebê nasceu sem nenhuma sequela. É o companheiro que até aprendeu a subir no ônibus sozinho. Ele carrega a bolsa dela e os dois se completam. Fico feliz por tudo isso, pois, ela é totalmente independente apesar de tudo e nunca se abateu por ser deficiente”, finalizou. G1