Secretaria de Cultura do Pará altera cartaz de Feira do Livro após polêmicas envolvendo racismo

Cartaz de evento da Feira do Livro é alvo de críticas apontando racismo em representação de mulher negra carregando livros. (Foto: Reprodução / Secult)

Cartaz de evento da Feira do Livro é alvo de críticas apontando racismo em representação de mulher negra carregando livros. (Foto: Reprodução / Secult)

A XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, que tem abertura nesta quinta-feira (26) em Belém, sofreu alterações após críticas ao cartaz do Salão do Livro Circuito Sul e Sudeste do Pará. O cartaz destacava a imagem de uma mulher negra carregando livros na cabeça e gerou revoltas. A programação da Feira também foi alvo de reclamações pela falta de mulheres escritoras, negros e indígenas entre os convidados e homenageados.

O evento ocorre a partir de sexta (27) em Marabá, no sudeste do estado, e assim como o Circuito do Baixo Amazonas, faz parte da Feira do Livro, organizada pela Secretaria de Cultura do Pará.

Uma publicação da escritora paraense Paloma Franca Amorim repercurtiu nas redes sociais e blogs, com mais de 170 compartilhamentos.

Publicação de escritora paraense repercute nas redes sociais. (Foto: Reprodução / Facebook)

Publicação de escritora paraense repercute nas redes sociais. (Foto: Reprodução / Facebook)

No post a autora diz que a Feira coloca “uma mulher negra com livros na cabeça no cartaz e não tem uma mulher negra na programação principal”.

Em 2018, a feira homenageia a Colômbia. Para responder as acusações de racismo e machismo, a Secult publicou uma nota dizendo que o cartaz tentou representar as palenqueras – mulheres que usam roupas multicoloridas na Colômbia e andam com bacias de frutas em cima da cabeça.

“Ao escolher uma dessas mulheres do cenário urbano da Colômbia, com seus trajes típicos, substituíram-se as frutas por livros, numa metáfora para divulgar uma feira… de livros”, diz a nota. A publicação afirmava ainda que “sem esta devida contextualização e apenas com a ativação do imaginário brasileiro, a imagem pode gerar diversar interpretações”.

A Secult resolveu então alterar o cartaz e agora traz uma imagem da escultura intitulada “Pensamento”, produzida em 1992 pelo artista colombiano Fernando Botero. Além da imagem, o novo cartaz traz uma frase citando o escritor colombiano Gabriel García Márquez: “Para entender outra cultura, ‘tudo é questão de despertar sua alma'”.

Secult resolve alterar cartaz após reclamações e acusações de racismos e machismo. (Foto: Reprodução / Secult)

Secult resolve alterar cartaz após reclamações e acusações de racismos e machismo. (Foto: Reprodução / Secult)

Representatividade

Após as reclamações da falta de representatividade entre os convidados da feira, a organização divulgou que autoras foram chamadas para compor os encontros literários em Marabá.

A autora de livros e crônicas e poesias Rosa Peres, de Rondon do Pará, e a escritora Eliane Soares, de Marabá, que escreveu “Crisálida”, livro premiado pelo Instituto de Artes do Pará e Prêmio Max Martins de Poesia devem participar da programação, que também traz outros escritores, a partir das 19h do dia 27 de abril e entre 28 de abril a 6 de maio, das 9h às 22h. A entrada é franca.

Também após as acusações de racismo, a organização divulgou que vai realizar uma roda de conversa marcada para sábado (28) em Marabá. Com o tema “Literatura e Negritude”, o evento tem participação da especialista em Saberes Africanos e Afro-Amazônidas Vanda dos Santos; da professora Liliane Batista Barros e dos escritores Ademir Braz e Airton Souza.

Em outra publicação com mais de 20 compartilhamentos, a escritora Paloma Amorim diz “mudanças só ocorreram às custas de muito protesto e significam um avanço mínimo diante do que ainda queremos conquistar em relação à promoção cultural literária e artística no estado do Pará”. G1

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