Um homem na Grã-Bretanha que ficou conhecido por ter sofrido “pior caso de supergonorreia da história” está curado.
Médicos dizem que o paciente teve “muita sorte” e que o caso foi um “grande alerta para todos”.
Ele pegou a doença depois de manter relação sexual com uma mulher no Sudeste Asiático, em uma viagem no início do ano. O homem tem uma companheira britânica.
Foi a primeira infecção da história que não pôde ser curada com o tratamento por antibióticos normalmente receitados. Desde então, houve dois casos similares na Austrália.
A história veio à tona no mês passado. O principal tratamento com antibióticos – uma combinação de azitromicina e ceftriaxone – não foi capaz de curar a doença.
Uma análise detalhada da infecção indicou que um último antibiótico poderia funcionar, e, a partir daí, o paciente foi tratado com ertapenema.
A médica Gwenda Hughes, chefe da seção de infecções sexualmente transmissíveis na agência inglesa de saúde pública, disse: “Estamos felizes em comunicar que o caso da gonorreia resistente a muitas drogas foi tratado com sucesso.”
O órgão iniciou uma investigação para rastrear outros possíveis casos – avaliou inclusive a parceira britânica do paciente – mas diz que a superbactéria não se espalhou pela Grã-Bretanha.
A agência inglesa de saúde pública, a Organização Mundial de Saúde e os Centros Europeus para o Controle de Doenças concordaram que este foi o caso mais sério de gonorreia resistente a antibióticos já detectado.
Porém, outros casos semelhantes foram descobertos na Austrália. Um dos pacientes também teve relações sexuais no Sudeste Asiático, e o outro não relatou viagens internacionais.
Hughes diz que os casos serão difíceis de tratar e servem como um lembrete de que a supergonorreia deve se tornar mais comum no futuro.
O que é gonorreia?
A doença é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. A infecção se espalha através de sexo vaginal, oral e anal sem proteção.
Os sintomas incluem uma secreção grossa amarela ou esverdeada nos órgãos sexuais, dor ao urinar e sangramentos entre menstruações.
No entanto, infecções na vagina e no reto podem não apresentar sintomas.
Uma infecção não tratada pode levar à infertilidade, inflamação pélvica e, em caso de gestação de mãe contaminada, há a chance de transmissão para o bebê.
A médica Olwen Williams, presidente da Associação Britânica para Saúde Sexual e HIV, disse que o caso era um “grande alerta para todos”.
“Ele teve muita sorte pois ainda havia um último antibiótico que foi usado com sucesso.”
“Nossa preocupação é que no futuro pode não haver antimicróbios que funcionem.”
Williams disse ainda que as pessoas têm de se conscientizar de que os riscos de pegar superbactérias é mais alto em países que usam antibióticos com menor parcimônia.
Em muitos países, é possível comprar antibióticos com facilidade – ao contrário da Grã-Bretanha e do Brasil, onde é necessária uma prescrição médica.
A facilidade de acesso às drogas pode fazer com que elas sejam usadas em excesso, elevando a resistência das bactérias.
Williams afirmou: “Se você fizer sexo sem proteção em qualquer lugar do mundo, faça exames ao voltar antes de transar com outros parceiros.”
Ela também alertou sobre o impacto de cortes de verbas a serviços de saúde num momento em que gonorreias resistentes e o crescimento de casos de sífilis causam grande preocupação mundo afora. G1