
Assassinato em Porto Velho – Em vários pontos da fronteira os homicídios já superam os do Rio de Janeiro (Antonio Milena)
Moradores com pavor de sair às ruas à noite. Bares e restaurantes que fecham as portas cada vez mais cedo. Territórios dominados pelo crime organizado. Isso lembra um certo estado sob intervenção federal? Infelizmente, esse cenário desolador está longe de ser uma exclusividade do Rio de Janeiro. O Amazonas é hoje o exemplo mais bem-acabado do processo de carioquização por que passam estados brasileiros que entraram na rota do tráfico internacional de drogas — além do Amazonas, Acre, Rondônia e Ceará.
Em Manaus, o conjunto habitacional Viver Melhor é a síntese de como a tragédia do Rio se replica no país. Erguido há seis anos por meio do programa Minha Casa Minha Vida, o residencial praticamente já se funde com uma favela que brotou ao lado. Somados os números de moradores dos apartamentos e dos barracos quase contíguos, são 70 000 as almas que habitam o local, a maioria egressa de áreas de risco ou de invasões nas bordas de rios e igarapés da região. Da mesma forma que o bairro Cidade de Deus — que nasceu no Rio como alternativa de reassentamento para famílias retiradas dos morros cariocas —, o residencial do Amazonas converteu-se em um terreno fértil para o tráfico. A facção criminosa Família do Norte (FDN) assumiu o controle do local. Trata-se, literalmente, de crime organizado: cada um dos blocos com quatro prédios de quatro andares está hoje entregue ao comando de um gerente do tráfico.
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