O ataque dos Estados Unidos a Síria, na noite de sexta-feira (13), mobilizou refugiados sírios que vivem em São Paulo a procurarem informações sobre seus familiares que moram em Damasco.
“O meu pai me ligou às 4h da manhã, horário da Síria, dizendo que o prédio estava tremendo e a cidade inteira ficou acorda em Damasco. Teve gente que caiu da cama de susto com o barulho”, disse neste sábado (14) ao G1 o refugiado sírio Talal Al Tinawi, que há cinco anos mora na capital paulista.
Talal, atualmente com 45 anos, fugiu da guerra da Síria com a mulher e dois filhos em 2013. Chegando ao Brasil, teve mais um filho. Formando em engenharia, ele e a mulher decidiram se dedicar a gastronomia em São Paulo, vendendo comidas típicas do seu país de origem.
Eram 23 horas no Brasil quando ele recebeu o telefonema do pai, desesperado, contando que Damasco estava sendo bombardeada por misseis norte-americanos. “Esse ataque foi mais forte do que os outros anteriores”, disse Talal sobre o que ouviu. “Durou ao todo uma hora”.
Depois de perder parentes e amigos em ataques anteriores, a principal preocupação de Talal foi com a segurança da família que ficou na Síria. “Até agora não tive informações de vítimas, mas me contaram que aeroportos militares e alguns prédios foram completamente destruídos pelas bombas”, relatou o engenheiro.
Para ter mais notícias das pessoas que conhece na Síria, Talal recorreu ao aplicativo de celular WhatsApp. “Recebi mais de 2 mil mensagens sobre o que os Estados Unidos fez ao meu país”, disse o refugiado, que também recebeu relatos de problemas em Damasco. “Falta água, luz e internet em alguns locais”.
Segundo Talal, outros refugiados sírios que vieram a São Paulo estão conversando com ele para entender o que está ocorrendo na Síria. “Ainda tentamos entender”, disse. “Na hora todo mundo ficou com medo aqui e lá porque não sabemos o que mais vai acontecer”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na noite de sexta o lançamento da ofensiva área contra a Síria em represália ao ataque químico que matou 40 pessoas no último sábado (7). Para a Casa Branca, o responsável pelas mortes foi o regime do ditador Bashar al-Assad.
O bombardeio a Damasco contou com tropas militares dos EUA, Reino Unido e França. “O que os EUA achariam se um outro país o atacasse?”, indagou Talal, em tom de crítica a ação de Trump. G1