A decisão do governo de repassar à iniciativa privada operações simples de tapa-buracos, cortes de vegetação e sinalização de rodovias é reflexo direto da incapacidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de realizar plenamente a sua função básica: cuidar de todas as rodovias federais.
Com 55 mil quilômetros de estradas para administrar, o Dnit viu seu orçamento encolher de R$ 9 bilhões em 2017 para R$ 8,2 bilhões neste ano.
Para se ter uma ideia do que isso significa, em 2011, o Dnit chegou a executar mais de R$ 14,7 bilhões, isso sem considerar a correção monetária no período.
Do total previsto para 2018, R$ 3,9 bilhões serão utilizados para os serviços de manutenção da malha, quando o mínimo necessário para realizar essa tarefa chega a R$ 6 bilhões, ou seja, há um rombo de mais de R$ 2,1 bilhões no orçamento que deveria ser aplicado nas estradas.
Na prática, é como se o orçamento de 2018 só conseguisse cobrir as necessidades das estradas até agosto. Os R$ 4,3 bilhões restantes do orçamento de 2018 serão aplicados em obras mais pesadas e trechos de duplicação. “Não é o ideal, mas é preciso compreender o momento fiscal em que o País se encontra. Se não temos o que é necessário, temos que priorizar trechos.
Além disso, faremos as manutenções básicas, sem restaurações mais pesadas”, diz diretor-geral do Dnit, Valter Casimiro. Os dados da pesquisa CNT Rodovias divulgados no fim do ano passado já apontaram que, entre 2016 e 2017, houve uma piora no índice das rodovias classificadas como ótimas, caindo de 53% para 48%. Estadão Conteúdo