Morreu, nesta sexta-feira, 17, por volta das 15h, em sua residência, em Cassilândia, Abadio Alves Gonçalves, de 93 anos, vítima de infarto.
Abadio era filho de João Vieira Gonçalves, o patriarca dos Cadetes, e de dona Dolorita Alves Garcia.
Ele era da tradicional família “Cadete”, sendo irmão de Valdomiro Alves Gonçalves, ex-deputado estadual e federal por vários mandatos, e dos irmãos Valdir (Liquinho Cadete), Laudemiro (Xixo), Claudemiro (Nenzinho), Clarinda (Nenê), Luzia (esposa do saudoso Sargento Cleto) e a caçula Judith Cadete.
“Meu pai tinha uma saúde muito boa, praticamente não ficava doente e hoje veio a falecer de repente”, conta o filho Aparecido Cadete. Abadio deixa ainda a filha Norvete.
Antes de se aposentar, Abadio Cadete vivia e trabalhava na Fazenda Barra, localizada em Cassilândia, de onde tirava o sustento da família. Aprendeu a lida com o pai João Cadete e ajudava os irmãos nos mais variados serviços rurais.
O velório está sendo realizado na Funerária Nossa Senhora Aparecida e o sepultamento está marcado para amanhã, às 15h, no Cemitério Municipal Valdomiro Pontes, em Cassilândia.
Leia agora a história da família Cadete.
FAMÍLIA VIEIRA GONÇALVES, OS CADETES
Foi aproximadamente no ano de 1921 que o viúvo Francisco Vieira e seus três filhos saíram da cidade de Campina Verde – MG, e vieram para a nossa região, onde, na época, só existiam algumas propriedades rurais, nas quais as florestas predominavam, com o objetivo de trabalhar e conseguir melhores condições de vida.
Os herdeiros eram João Vieira Gonçalves, Isaura Vieira Gonçalves e José Vieira Gonçalves.
O primeiro trabalho do velho Cadete foi o de formar uma fazenda para o Coronel Gustavo, naqueles áureos tempos do coronelismo.
O apelido de Cadete se deve ao fato de Francisco ter participado de revolução militar, fazendo parte da hierarquia como cadete. Saiu do exército, entrou para a vida civil e o apelido prosseguiu até o fim da vida, cujo desfecho fúnebre se deu no ano de 1935.
Vamos falar um pouco do seu filho João Cadete pela sua importante e saudosa participação em prol do desenvolvimento sócio-econômico de Cassilândia.
Ele nasceu no dia 22 de fevereiro de 1904, na cidade de Campina Verde, Minas Gerais. Chegando a esta região, trabalhou muito na Fazenda Barra, de propriedade do próprio pai.
Casou no dia 8 de junho de 1923, em Itarumã, Estado de Goiás, com Dolores Alves Garcia. Ela lembra como foi difícil a caminhada para chegar ao casamento, pois tiveram que ir a cavalo até Itarumã e no caminho atravessar dois córregos, além da estrada ser muito ruim e cheia de obstáculos. Mas ela garante que valeu a pena, afinal ele era um bom pai, um bom marido, rígido nas horas certas, o tipo “sistemático, como se diz”.
Era sempre possível vê-lo com seu bigode negro e fino, sem barba. Do casamento nasceram os filhos Abadio, Clarindo, o Neném Cadete, Laudemiro, o “Xixo Cadete”, Claudemiro, o “Nenzinho”; Valdomiro Alves Gonçalves, o primeiro cassilandense diploma em nível superior como advogado, chegando a cargos públicos importantes, dentre eles o de deputado federal e de importante representante de Cassilândia junto à Capital. Outro filho: Valdir, o “Liquinho Cadete”, também amante da política; Luzia e Judith.
Seu João Cadete plantava de tudo em sua fazenda e chegava até a produzir açúcar através de seu engenho movido por força animal, além de produzir pinga. Juntava tudo isso mais toucinhos, doces e melados, colocava tudo em carro de boi e ia para Três Lagoas, onde trocava tudo por remédios, querosene, arama, sal e tecidos.
Essas viagens duravam por volta de duas semanas e o carro era puxado por 14 bois, segundo a nossa historiadora Dolores Cadete.
Mas o velho João não se empenhava só nos afazeres rurais e nas longas viagens. Ele também tinha uma ativa vida política, fazendo parte do diretório municipal do Partido Social Democrático, o PSD que teria como líder Valdomiro.
João Cadete era um correligionário político fiel. Na eleição em que Ib Fabres de Queiroz foi candidato a chefe do Executivo de Cassilândia, ele sabia que a derrota era certa, mas manteve firme seu posicionamento político, perdendo o pleito para João Albino.
E o saudoso João Cadete despediu-se para sempre da família e dos amigos no dia 11 de julho de 1963.
A família continuava atuando na política sul-matogrossense, tendo como seu principal líder Valdomiro Alves Gonçalves, que ganhou grande notoriedade nos cenários estadual e nacional.
Enquanto isso, em Cassilândia, Valdir, o Liquinho, assumiu cargos importantes, foi candidato a prefeito e foi presidente do Sindicato Rural, realizando importantes trabalhos em prol dos produtores rurais. A família Cadete faz parte da história de Cassilândia. Extraído do livro A História de Cassilândia, de Corino de alvarenga