Delação listou sete empresas como fornecedoras de notas frias para Puccinelli

Na delação premiada acordada com a Polícia Federal, o ex-operador de André Puccinelli, Ivanildo da Cunha Miranda, detalhou o suposto esquema de recebimento de propina paga pelo grupo JBS ao Governo de Mato Grosso do Sul entre os anos de 2007 e 2013.

O delator revelou em depoimento quais empresas teriam sido indicadas pelo então governador para receber valores supostamente ilegais.

Ivanildo disse a delegado da PF que a empresa JBS pagava, com frequência, notas frias emitidas por empresas de Mato Grosso do Sul. Todas as notas eram levadas diretamente para o executivo Joesley Batista ou então para Demilton Antonio de Castro, diretor da JBS que atuava no setor financeiro.

O delator afirma que as empresas Gráfica Alvorada, Proteco Engenharia, Mil Tec Tecnologia, PSG Tecnologia, Itel Informática, Congeo e Instituto Ícone, este último de propriedade de André Puccinelli Júnior, filho do ex-governador, não prestaram serviço para a empresa, mas receberam altos valores.

Segundo Ivanildo, só em nome da Gráfica Alvorada, que tem o empresário Mirched Jafar como proprietário, foram pagos, de uma só vez, R$ 5 milhões em notas. Outro grande montante foi repassado para a Proteco, de Jão Krampe Amorim: R$ 9 milhões e Instituto Ícone: R$1,2 milhão. Todos os dados, segundo Ivanildo, constam em planilhas gerenciadas por ele até o final de 2013.

A indicação de quais empresas teriam as notas pagas era feita, conforme o delator, pelo próprio ex-governador. O destino final dos valores, no entanto, não é detalhado por Ivanildo.

O mesmo delegado que ouviu os relatos de Ivanildo também colheu depoimentos de Demílton, da JBS. Ele confirmou vários nomes de empresas citadas por Ivanildo e incluiu novas. O diretor do grupo conta que o ex-operador de Puccinelli indicou as empresas Germinas, João Barrison, Bateforte e Força Nova para também terem notas supostamente frias quitadas pela JBS.

O diretor do grupo afirmou, ainda, que mesmo depois que Ivanildo deixou a função de operador de Puccinelli, o mesmo procedimento era adotado com André Luiz Cance, ex-secretário de Fazenda do Estado. Ele teria assumido o “posto” de operador do esquema, segundo a PF, a partir de 2014, último ano de mandato de Puccinelli.

As defesas de Puccinelli e de Ivanildo disseram ao Jornal Midiamax que os clientes negam envolvimento em esquema criminoso.

Operação

​De acordo com a PF o grupo criminoso, com a participação dos Puccinelli, direcionou licitações, superfaturou obras públicas, fez compra fantasmas de produtos, financiou atividades privadas de estatais sem relação com atividade-fim do órgão, cobrou propina para conceder incentivos fiscais e corrompeu agentes públicos.

Após os desvios, o grupo agiu em diversos processos para tentar esconder a origem do dinheiro arrecadado de forma ilícita, o que configurou o crime de lavagem de dinheiro.

A empresa do filho do ex-governador é suspeita de vender livros jurídicos para uma concessionária de serviços públicos sem relação alguma com universo dos advogados. Essa seria uma das formas de lavar o dinheiro desviado.

Nesta etapa da operação, a PF informou que houve colaboração de alguns investigados. Com a delação, exames periciais e análise de diversos documentos apreendidos nas outras quatro fases da Lama Asfáltica, os policiais conseguiram comprovar desvios e superfaturamentos de obras públicas. Midiamax

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