Morreu, na madrugada deste domingo (12), aos 56 anos, a psicanalista Eliane Berger, mulher do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Casada com o economista há 22 anos, Eliane travava havia seis anos uma luta contra um câncer iniciado no cólon.
A cerimônia do sepultamento ocorrerá às 14h30, no cemitério israelita do Butantã.
Ela deixa um filho, Marco, de 17 anos. Desde que a mulher foi internada, há cerca de 40 dias, Mantega passava as noites no Hospital Albert Einstein. Na última semana, Eliane estava inconsciente devido à sedação após falência de órgãos.
Segundo petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestava, em reuniões, preocupação com seu estado de saúde. No ano passado, o casal chegou a viajar para a Espanha em busca de tratamento alternativo para o câncer que se espalhara pelo corpo. A doença foi diagnosticada em dezembro de 2011, primeiro ano do governo de Dilma Rousseff.
O diagnóstico exigiu mudança da rotina do então ministro, que passava de segunda à quinta em Brasília, embarcando às sextas-feiras para São Paulo.
À época, a doença chegou a ser usada como possível pretexto para uma eventual demissão de Mantega, o que só aconteceu em novembro de 2014, após reeleição de Dilma.
O drama familiar foi agravado pela crise política. Em fevereiro de 2015, quando acompanhava sua mulher no hospital, Mantega foi hostilizado na lanchonete do Einstein, sendo insultado aos gritos de “vá para o SUS”.
Em setembro de 2016, a prisão de Mantega provocou polêmica por ter ocorrido às portas do hospital, onde o ex-ministro acompanharia a mulher em uma nova cirurgia. Tanto que, hora depois, o juiz Sergio Moro revogou a prisão.
Até então, a mais ruidosa aparição do nome de Eliane aconteceu em fevereiro de 2007, quando a chácara onde o casal passava o Carnaval, na cidade de Ibiúna, foi invadida por assaltantes.
Três dias depois, a psicanalista disse, em entrevista, que “não queria fazer reconhecimento de ninguém” e que “os caras foram supergentis. Só queriam dinheiro”. A declaração fomentou ataques dos adversários.
Formada pela PUC de São Paulo, Berger era especializada no atendimento a crianças e adolescentes. Ela foi professora no Instituto Sedes Sapientiae. Ex-miltante do movimento sionista paulistano, ela trabalhou no governo de Luiza Erundina.
Apontada por amigos da família como otimista e delicada, Eliane foi econômica nas manifestações públicas. Em julho, no entanto, assinou abaixo-assinado pela exoneração do juiz Sérgio Moro. “Sou democrata”, justificou.
Em fevereiro, foi signatária de petição contra a indicação do hoje ministro Alexandre Moraes para o STF (Supremo Tribunal Federal). Também endossou manifestos contra o presidente Michel Temer.
Amigo de Mantega, o economista Gonzaga Belluzzo lembra que seu último encontro aconteceu em abril do ano passado, no aniversário de Mantega. Após uma longa conversa sobre filosofia, acertou de enviar-lhe o livro “Phenomenology of the End”, do italiano Franco Berardi, o “Bifo”.
“Ela era uma pessoa de grande acuidade e delicadeza, para além das subjacências contemporâneas. Quero prestar minha homenagem”, disse Belluzzo. Correio do Estado