Além de adolescentes, vacinação ilegal contra a Covid em Cassilândia beneficiou mais pessoas

MPMS apura se vacinação em Cassilândia chegou a mais pessoas fora dos grupos prioritários

MPMS apura se vacinação em Cassilândia chegou a mais pessoas fora dos grupos prioritários – Arquivo/Midiamax

A 1ª Promotoria de Justiça de Cassilândia –a 435 km de Campo Grande– confirmou a abertura de procedimento preparatório para verificar o fornecimento ilegal de vacinas contra o novo coronavírus por uma servidora municipal. O caso, como noticiado pelo Jornal Midiamax, chamou a atenção pelo fato de 2 adolescentes terem conseguido se imunizar.

O edital 7/2021/01PJ/CLA, publicado na edição desta segunda-feira (12) do Diário Oficial do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), já disponível para consulta.

Relatos do Conselho Municipal de Saúde ao MPMS apontaram que mais pessoas furaram a fila foram imunizadas indevidamente. Entre elas, em 20 de janeiro de 2021, uma dentista aposentada da prefeitura, que, conforme depoimento tomado, teria ido à Secretaria Municipal de Saúde e obtido a imunização com a Coronavac.

A investigação também cita os 2 adolescentes, de 16 e 17 anos, imunizados irregularmente com doses da Covishield, vacina desenvolvida pela Oxford/AstraZeneca. Ambos teriam sido imunizados com base em listas emitidas por estabelecimentos farmacêuticos –onde atuavam, de fato– e dados como funcionários.

A questão em relação aos adolescentes está no fato de a bula da vacina da AstraZeneca não recomendar sua aplicação em menores de 18 anos. Conforme a apuração, o servidor responsável pela vacinação não se atentou ao fato de ambos serem menores por conta da fisionomia de ambos.

Mais tarde, descobriu-se que um dos adolescentes é filho de uma vereadora. Ao Midiamax, ela negou que tenha ocorrido interferência política para favorecer o garoto na imunização, sequer tendo autorizado a aplicação –responsabilizando a Secretaria Municipal de Saúde. Em razão das restrições impostas pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a reportagem deixou de identificar a vereadora e seu filho.

Mais pessoas teriam participado de esquema ‘fura-fila’

Contudo, mais pessoas teriam sido imunizadas, segundo levantou o Conselho Municipal de Saúde. Funcionários do sistema funerário que não têm contato direto com cadáveres potencialmente contaminados –secretária, vendedores de planos póstumos e proprietários, por exemplo– e agentes administrativos (como presidentes de instituições de longa permanência, secretário e diretor de entidades filantrópicas) teriam sido indevidamente vacinados.

Segundo as informações preliminares, “foi possível constatar possíveis casos de violação à lista dos grupos prioritários, haja vista constar como vacinados servidores públicos que, a priori, não estão atuando na linha de frente de combate à Covid”, casos de uma artesã e uma veterinária, “além de menores de idade que trabalham em farmácias sem que exerçam a função de farmacêutico”.

A servidora responsável pela aplicação das vacinas já foi ouvida. Ela teria informado não saber que a dentista havia se aposentado recentemente.

A apuração trata a questão como ato de improbidade administrativa “consistente no fornecimento de vacinas em desacordo com o plano de vacina contra a Covid-19”, diante da violação da ordem sequencial dos grupos prioritários.

Midiamax

Compartilhe:
Posted in Noticias and tagged .